terça-feira, 23 de novembro de 2010

Evolução clínica e ressocialização: é possível!

Caros amigos do Blog CAPNE, é com muita satisfação que escrevo esse texto para falar sobre a história recente de dois de nossos queridos acolhidos. No início de 2010, por um acordo entre os promotores e e a justiça da região, ficou decidido que nenhum cidadão de uma cidade ficaria abrigado em outro município, logo alguns acolhidos foram transferidos para seu município de origem. Esse foi o caso de G. e F. que foram encaminhados a uma cidade próxima à Itaperuna para serem "reintegrados" à sua família. No entanto, para a nossa surpresa, alguns meses depois tivemos a informação que ambos estariam internados no Hospital Psiquiátrico de Bom Jesus do Itabapoana, pois estariam vivendo nas ruas, sem medicamento e tratamento adequado na sua cidade (sic). Aí veio a indignação: ambos estavam sendo muito bem tratados no CAPNE, tendo alimentação, acompanhemento médico, psicológico, ocupacional e etc, além de carinho, afeto e conforto, por uma decisão da justiça saíram para sua terra natal e de repente são transferidos para um Hospital Psiquiátrico? Isso vai de contra a tudo que vem sendo pregado na saúde mental e contra o bom senso também... estamos na era da luta antimanicomial, pois está mais que provado que a internação psiquiátrica não é o melhor meio de tratamento (nem de longe). Mas graças a assinatura do convênio entre nossa entidade e a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), a nossa insistente solicitação e a sensibilidade do Juiz da Comarca da cidade natal dos dois, ambos foram transferidos para o CAPNE há cerca de 90 dias e hoje podemos ver uma evolução clinica extremamente satisfatória nos respectivos quadros . Toda equipe técnica fez um trabalho extremamente competente e hoje nossos acolhidos estão muito bem clinicamente, e vivendo em absoluta harmonia com os demais acolhidos e com a sociedade.

Rafael Capita
Coordenador

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Esquizofrenia

Com 66% dos votos o tema Esquizofrenia foi escolhido por nossos internautas para ser mais profundamente explorado no Blog do CAPNE. Atualmente o CAPNE abriga a 22 pessoas portadoras de necessidades especiais e a maioria de nossos acolhidos são esquizofrênicos.

O que é Esquizofrenia?O termo "esquizofrenia" foi criado em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler com o significado de mente dividida. Ao propor esse termo, Bleuler quis ressaltar a dissociação que às vezes o paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Hoje é o nome universalmente aceito para este transtorno mental psicótico, entretanto, no meio técnico e profissional se admite que o termo pode ser insuficiente para descrever a complexidade dessa condição patológica.

A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
Segundo Kaplan, aproximadamente 1% da população é acometida pela doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer camada sócio-cultural. O diagnóstico se baseia exclusivamente na história psiquiátrica e no exame do estado mental. É extremamente raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50 anos de idade e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.

Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, em geral, por distorções características do pensamento, da percepção e por inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com esquizofrenia mantém clara sua consciência e sua capacidade inteleitual.

A Esquizofrenia traz ao paciente um prejuízo tão severo que é capaz de interferir amplamente na capacidade de atender às exigências da vida e da realidade.

O que não é Esquizofrenia? Há alguns mitos sobre a esquizofrenia bastante enraizados na opinião popular. Boa parte desses mitos se originou na mídia, através de filmes e romances sobre “loucos” e psicóticos que, além da qualidade literária e artística, não guardam, obrigatoriamente, uma coerente relação com a verdade científica.

A Esquizofrenia não é a dupla pessoalidade. Apesar do termo esquizofrenia cunhado por Bleuler em 1911 significar mente partida, hoje sabemos que a síndrome de esquizofrenia é muito mais ampla que isso e não tem por que incluir nela os Transtornos de Personalidade Múltipla.

A Esquizofrenia não é uma violência sem sentido. O mito da violência psicótica provavelmente se deve, em boa parte, à midia, como o grande diretor Alfred Hitchcock e afins, cujo trabalho consiste em dirigir e vender filmes de agrado popular mas não, necessariamente, com bases científicas e reais. Também é possível que este mito se deva ao tratamento da Esquizofrenia com medicamentos sedativos. Mas, na maioria das vezes, a sonolência é um efeito secundário da medicação antipsicótica mais do que uma imperiosa necessidade de “dopar” o paciente.
A porcentagem de pacientes psicóticos esquizofrênicos que pode ser violenta é, felizmente, pequena. A agressividade dos psicóticos costuma ocorrer em proporção igual a que acontece com a população em geral. Aliás, podemos dizer, de maneira geral, que quem mais agride é a sociedade ao “louco” do que o contrário; é a sociedade das pessoas normais quem prende, agride, amarra, interna sem consentimento, seda, dopa, exclui e estigmatiza.
A Esquizofrenia não acomete pessoas pouco inteligentes, como pode se acreditar erroneamente. A Esquizofrenia afeta tanto as pessoas com alto quanto baixo nível inteleitual, atinge igualmente os ricos e pobres, os mais cultos e os mais simplórios. Não é monopólio de quem tem a mente fraca e nem depende da pessoa ser “esclarecida e inteligente”.
Tipos de Esquizofrenia? A esquizofrenia paranóide
Este tipo de Esquizofrenia é o mais comum e também o que responde melhor ao tratamento. Diz-se, por causa disso, que tem prognóstico melhor. O paciente que sofre esta condição pode pensar que o mundo inteiro o persegue, que as pessoas falam mal dele, têm inveja, ridicularizam-no, pensam mal dele, elas têm intenções de fazer-lhe mal, de prejudicá-lo, de matá-lo, etc. Trata-se dos delírios de perseguição.

Não é raro que este tipo de paciente tenha também delírios de grandeza, idéias além de suas possibilidades: "Eu sou o melhor cantor do mundo. Nada me supera. Nem Frank Sinatra é melhor". Esses pensamentos podem vir acompanhados de alucinações, aparição de pessoas mortas, diabos, deuses, alienígenas e outros elementos sobrenaturais. Algumas vezes esses pacientes chegam a ter idéias religiosas e/o políticas, proclamando-se salvadores da terra ou da raça humana.

A esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada

Neste grupo se incluem os pacientes que têm problemas de concentração, pouca coerência de pensamento, pobreza do raciocínio, discurso infantil. Às vezes, fazem comentários fora do contexto e se desviam totalmente do tema da conversação. Expressam uma falta de emoção ou emoções pouco apropriadas, rindo-se a gargalhadas em ocasiões solenes, rompendo a chorar por nenhuma razão em particular, etc.

Neste grupo também é freqüente a aparição de delírios (crenças falsas), por exemplo que o vento move na direção que eles querem, que se comunicam com outras pessoas por telepatia, etc.

A esquizofrenia catatônica

É o tipo menos freqüente de esquizofrenia. Apresenta como característica transtornos psicomotores, tornando difícil ou impossível ao paciente mover-se. Talvez passe horas sentado na mesma posição. A falta da fala também é freqüente neste grupo, assim como alguma atividade física sem propósito.

A esquizofrenia residual

Este termo é usado para se referir a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e com muitas seqüelas. O prejuízo que existe na personalidade desses pacientes já não depende mais dos surtos agudos. Na Esquizofrenia assim cronificada podem predominar sintomas como o isolamento social, o comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensamentos ilógicos.

A esquizofrenia simplesTambém é pouco freqüente. Aparece lentamente, normalmente começa na adolescência com emoções irregulares ou pouco apropriadas, pode ser seguida de um paulatino isolamento social, perda de amigos, poucas relações reais com a família e mudança de caráter, passando de sociável a anti-social e terminando em depressão. Nesta forma da esquizofrenia não se observam muitos surtos agudos.
Apesar desta classificação, é bom destacar que os pacientes esquizofrênicos nem sempre se encaixam perfeitamente numa de estas categorias. Também existem pacientes que não se podem classificar em nenhum de os grupos mencionados. A estes pacientes se pode dar o diagnóstico de Esquizofrenia Indiferenciada.
A Esquizofrenia tem cura?Até bem pouco tempo se pensava que a esquizofrenia era sempre incurável e que se convertia, obrigatoriamente, numa doença crônica e por vida. Hoje em dia, entretanto, sabemos que este não é necessariamente o caso e uma porcentagem de pessoas que sofrem deste transtorno pode recuperar-se por completo e lavar uma vida normal como qualquer outra pessoa.
Outras pessoas, com quadros mais graves, apesar de dependerem de medicação, chegam a melhorar até o ponto de poderem desempenhar o trabalho, casar-se e ter família. Embora não se possa falar em cura, tal como se conceitua a cura total na medicina, a reabilitação psicossocial da expressiva maioria desses pacientes tem sido bastante evidente.
Apesar da Esquizofrenia tender à deixar mais seqüelas a cada novo surto, o importante é saber que estas pessoas podem chegar a ter funções na sociedade e podem chegar a ser muito produtivas, mais ou menos sócio-cupacionalmente normais e dentro de suas possibilidades.
A família pode causar a esquizofrenia?
Não, não e não! Esta é a resposta mais simples. Apesar das infinitas investigações, a origem da Esquizofrenia ainda não está clara. O que está claro, entretanto, é que não é causada por um trauma infantil, nem por um mau comportamento por parte dos pais.

Nos anos 60 e 70 muitas investigações se realizaram no campo da terapia familiar, sobre o comportamento de as famílias e transtornos mentais. Encontraram vários patrões de conduta comuns a famílias com problemas de saúde mental, o qual conduz a alguns profissionais a concluir, erroneamente, que a família poderia ser culpada pelos transtornos mentais de seus filhos. Nada mais falso.

Os sintomas da Esquizofrenia resultam de desequilíbrios de substâncias neuroquímicas no cérebro, tias como a dopamina, serotonina, e noradrenalina. As últimas investigações indicam que estes desequilíbrios podem estar presentes no cérebro, inclusive antes do nascimento da pessoa.

Entretanto, o comportamento da família influi fortemente na reabilitação do individuo com esquizofrenia. Os estudos demonstram que a intervenção da família é de grande importância na prevenção das recaídas.
A esquizofrenia é herdada?Em primeiro lugar convém fazer uma distinção entre o que é genético e o que é hereditário:
1) Se uma doença é genética, isso quer dizer que antes de nascer uma pessoa pode ter um gene ou uma programação que a conduza em direção à doença, mas em forma de probabilidade e não de certeza.

Cada um de nós carrega genes de diferentes doenças mas não as desenvolvemos obrigatoriamente. Um exemplo claro disso é o câncer de pulmão, identificado em genes de pessoas sadias não fumantes. Uma pessoa que tenha este gene teria uma predisposição genética a desenvolver a doença, mas isso não quer dizer que esta pessoa vá desenvolvê-la obrigatoriamente. De fato, se não fumar, levar uma vida não estressante, enfim, se não cumprir os requisitos necessários ao desenvolvimento da doença não terá câncer de pulmão.

2) Uma doença hereditária é uma doença genética que se transmitirá, com certeza, de uma geração a outra e, além disso, terá uma porcentagem fixa e calculada de novos casos da doença na geração seguinte.

Um exemplo de uma doença hereditária é a Coréia de Huntington. Esta doença crônica supõe um degeneração corporal e mental que se passa de uma geração a outra, desenvolvendo-se em 50% dos filhos. Quer dizer que um paciente de Huntingtom que decide ter um filho sabe, de antemão, que a cada dois filhos que nascerem, no mínimo um desenvolverá a enfermidade.

Até o momento têm sido inconclusivos os estudos que afirmam, indubitavelmente, se a esquizofrenia é genética ou hereditária, embora já se tenha certeza absoluta de que a probabilidade de filhos esquizofrênicos é maior se um dos pais for esquizofrênico e, muito maior, se ambos forem.
Na população geral a esquizofrenia aparece numa de cada cem pessoas (fator de risco de 1%).
- Se tiver um avô com a esquizofrenia o fator risco sobe para 3%
- Se um dos pais ou um irmão sofre de esquizofrenia o risco é de 10-20%
- Se ambos pais sofrem de esquizofrenia o risco é de 40-50%
Quais são os efeitos secundários da medicação? Todos os medicamentos produzem efeitos secundários e a medicação prescrita em casos de esquizofrenia não é uma exceção. A medicação que se prescreve aos pacientes com esquizofrenia se chama antipsicótico (antes chamados neuroléptico). Os efeitos secundários nem sempre são evidentes e são de menor gravidade que os próprios sintomas da esquizofrenia. Muitos pacientes cometem o erro de deixar de tomar a medicação quando aparecem estes efeitos ou quando algum conhecido “alerta” para os perigos de tais medicamentos.

Na realidade o que tem que ser feito é informar-se com o psiquiatra sobre as dúvidas e sobre o que está sentindo. É muito importante saber diferenciar entre os efeitos secundários da medicação e os próprios sintomas da esquizofrenia.

Efeitos Colaterais mais comuns:
Sonolência
A sonolência é um aumento no sono do paciente. Talvez seja difícil levantar-se da cama de manhã, dorme mais que o normal, tem vontade de dormir durante o dia, etc. Por outro lado não são raros os comentários como "Estou dopado", "Sinto-me como um zumbi", ou outros, também de teor culturalmente pejorativo.

Efeitos extrapiramidais ou parkinsonismo Esses sintomas são assim chamados pela semelhança com os sintomas da Doença de Parkinson. O paciente que manifesta estes efeitos não sofre de Doença de Parkinsom, simplesmente a dose da medicação deve de ser melhor ajustada. Esses efeitos se podem corrigir com medicamentos anti-parkinsonianos, tipo akineton®, artane®.

Os efeitos parkinsonianos se manifestam na forma de movimentos ou posturas involuntárias: o tremor das mãos, flexões ou fixações dos músculos. Assim sendo, não é raro que o paciente usando antipsicóticos tenha a boca ou os músculos da face numa postura entranha, talvez a boca permaneça aberta ou semi-aberta. Também é possível que a língua se força para um lado, dificultando a fala ou fazendo com que a saliva escorra da boca.

Efeitos anticolinérgicos

Esses efeitos secundários se referem a visão borrada, secura da boca, retenção urinária, hipotensão arterial.
Dificuldades sexuais Poucas vezes se encontram citadas como efeitos secundários dessa medicação. Também pode ser provável que os sintomas sexuais se devam a sintomas da depressão que a vezes acompanha a esquizofrenia.

Acatisia Consiste numa inquietação constante. O paciente é incapaz de sentar-se no mesmo lugar durante muito tempo. Ele se levanta e muda de assento várias vezes em poucos minutos ou se ajusta muitas vezes no sofá. Este é um efeito secundário bastante desconfortável porque os que estão próximos podem pensar erroneamente que o paciente está nervoso.

A acatisia é um efeito secundário que pode chegar a ser muito molesto para o paciente e tem solução fácil; com pequenas modificações do tratamento. Alguns benefícios do tratamento medicamentoso:
Elimina vozes, visões e o falar consigo mesmo
Elimina as crenças entranhas e falsas (delírios).
Diminui a tensão e agitação.
Ajuda a pensar com clareza e a concentrar-se melhor.
Reduz os medos, a confusão e a insônia.
Ajuda a falar de forma coerente.
Ajuda a sentir-se mais feliz, mais expansivo e mais sadio.
Ajuda a se comportar de forma mais apropriada.
Os pensamentos hostis, estanhos ou agressivos desaparecem.
Diminuem muito as recidivas e a necessidade de internação hospitalar
Veja mais 11 dúvidas de Esquizofrenia
1. O esquizofrênico é violento?Em geral o esquizofrênico não é violento ou perigoso. Fora da crise é uma pessoa como qualquer outra. Alguns, quando em crise, se tornam agressivos, verbal ou fisicamente, pois os delírios ou as alucinações podem fazê-los sentir-se ameaçados.

Nesses momentos, é importante conversar com a pessoa sem provocá-la, mantendo um diálogo franco e tranqüilo. Na hipótese de ser necessário conter um ato agressivo, é preciso contar com mais pessoas para evitar que o paciente ou terceiros se machuquem. Episódios de agressividade, a depender da intensidade, são situações que indicam a necessidade de eventual internação para garantir a integridade do paciente ou terceiros.
2. Todos os esquizofrênicos são violentos quando em crise? Não. Mesmo durante crises intensas, a maioria dos portadores de Esquizofrenia não manifesta agressividade importante. O comportamento agressivo depende, como indicado na resposta anterior, da natureza dos delírios e das alucinações que a pessoa apresenta.
3. O que fazer quando, ao obter melhora com a medicação, o portador de esquizofrenia abandona seu uso, diminui as dosagens necessárias e não quer mais saber de remédios? Como a família pode agir nesses casos, para evitar novo surto?Deve-se tentar dialogar, expor as evidências de que a medicação evita a recaída. Infelizmente, muitas vezes são necessárias várias recaídas até que o doente se conscientize da gravidade da doença, de seu curso com recaídas e da necessidade do tratamento contínuo.

Nas recaídas pode ser necessário internar a pessoa até que ela volte à normalidade. Pela legislação em vigor, a família e o médico têm o direito de internar o portador quando em crise mesmo contra sua vontade. Por crise, entende-se que o portador está delirando, fora da realidade, inadequado, sem controle de si mesmo e de seus atos. Nesse momento, a internação é uma medida de proteção e tratamento. Cabe à família e ao médico, diante de uma situação de crise, avaliar a real necessidade de internação. Há recaídas que não exigem necessariamente internação, principalmente quando tratadas precocemente.
4. Em que situações a internação é necessária? Quanto tempo deve durar? Existem internações "para sempre"?A internação é indicada nos momentos de crise ou de surto agudo, quando então o esquizofrênico não tem controle sobre si mesmo. Deve ser a mais curta possível e, com os atuais antipsicóticos, são suficientes um mês ou mês e meio dias para controlar as manifestações mais graves da doença.

Não se recomendam internações prolongadas ou "para sempre". Para os crônicos, são indicadas pensões e/ou oficinas protegidas que os capacitem a voltar viver independentemente.
5. A família deve manter total observação ou supervisão em relação ao paciente como, por exemplo, arrumando seu quarto, examinando seus objetos, acompanhando-o quando sai à rua?A ajuda deve ser no sentido de promover a maior independência possível do paciente. Ele deve ser incentivado a cuidar de suas coisas e de sua higiene. Tão logo quanto possível ele deve voltar a caminhar pela cidade independentemente. Essas atitudes visam preservar a auto-estima do paciente, evitando constrangimentos.
6. Considerando-se a rotina familiar, o que pode ser solicitado ao portador de esquizofrenia em termos de colaboração, participação, coisas tais como, cuidar de seu quarto, lavar o quintal, lavar a louça, fazer compras, ir ao banco?No início, ele deve ser acompanhado, até recuperar as habilidades perdidas. Aos poucos, deve ir assumindo responsabilidades como qualquer membro da família, de acordo com suas possibilidades.
7. Como orientar o portador de esquizofrenia em termos de administrar o dinheiro, valor das coisas, preços, trocos, economia?A orientação pedagógica é imprescindível. O portador deve ser orientado para que possa compreender o valorizar o preço das coisas e administrar seu dinheiro.
8. O que deve a família fazer para garantir a tranqüilidade futura do portador de esquizofrenia no que se refere a sua segurança social: pensão, aposentadoria, habitação, assistência médica, medicamentos?As alternativas de atuação familiar, nesses casos, são variadas e dependem da situação específica de cada família, não apenas no que se refere à variável sócio-econômica, mas também no acolhimento oferecido ao paciente pelos demais membros da família, quando há os casos em que apenas alguns membros da família assumem os cuidados necessários.

Em casos crônicos, nos quais o portador não tenha mais condições de trabalhar, é importante que a família propicie condições para a segurança social futura do paciente, providenciando sua aposentadoria e/ou auxílio benefício. Condições de moradia, assistência médica e de defesa de seus direitos devem ser igualmente propiciadas, pois, como qualquer outra pessoa, os portadores de Esquizofrenia têm direito à cidadania plena.
9. Um esquizofrênico pode dirigir veículos?
Dirigir veículos é uma questão de bom senso. Se ele estiver controlado, fora de crise e tomando regularmente a dose de manutenção, tem condições de dirigir veículos, desde que tenha consciência de que a medicação pode eventualmente reduzir a rapidez de seus reflexos. Convém ser acompanhado inicialmente por familiares que avaliam suas habilidades.
10. Quais são os sinais de recaída? O que a família pode fazer quando os perceber?Os principais sinais e sintomas de recaída são as alterações de comportamento. Irritabilidade, insônia, comportamento agitado ou de isolamento social podem ser os sintomas de recaída, assim como alucinações e delírios.

Tão logo o familiar perceba ou suspeite de recaída, deve levar o paciente para uma avaliação médica, de modo que o psiquiatra possa intervir rapidamente, modificando a medicação ou a dose que o paciente recebe. Todo esforço deve ser feito para evitar uma nova recaída.
11. A dificuldade de contato social dos portadores de esquizofrenia dificulta que estabeleçam relações afetivas, tais como, namorar, encontrar companheiros(as), relacionar-se sexualmente? É possível ao familiar ajudá-los na busca desses objetivos?Apesar da dificuldade em manter contato social, alguns portadores da doença conseguem encontrar um(a) companheiro(a), estabelecer relacionamentos afetivos significativos e manter relacionamentos sexuais. Os familiares devem orientá-los na busca de um relacionamento que não venha a ser estressante e que possa desencadear recaídas.

Tratando-se tais dificuldades, normalmente derivadas do isolamento social, a família pode ajudar incentivando a participação dos portadores nas mais diversas formas de atividades voltadas à ressocialização, tais como a freqüência a centros de convivência, lazer e cultura, grupos de auto-ajuda etc. Quanto ao relacionamento sexual, devem estar orientados sobre os cuidados para evitar doenças sexualmente transmissíveis (por exemplo, AIDS), principalmente o uso de camisinha. As mulheres devem ser acompanhadas também por ginecologista, que pode orientar quanto a métodos contraceptivos seguros, como remédios anticoncepcionais ou DIU.
para referir:
Ballone GJ - Perguntas mais freqüentes sobre Esquizofrenia - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005

domingo, 7 de novembro de 2010

IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Brasília-DF

Conheça alguns pontos aprovados na IV Conferência Nacional de Saúde Mental:

Eixo I - Saúde Mental e Políticas de Estado: pactuar caminhos intersetoriais

Contra possíveis abusos na terceirização de serviços de Saúde Mental, a proposta nº 136-A farantiu que "serviços substitutivos sejam exclusivamente de caráter público estatal".

Eixo II - Consolidando a rede de atenção psicossocial e fortalecendo movimentos sociais

Implementação e ampliação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), já aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 2006, para garantir a "implementação de estratégias eficazes para acolher questões de gênero, de raça/cor e etnia, LGBT e sua diversidade".

Eixo III - Direitos humanos e cidadania como desafio ético e intersetorial

Para prevenir que próximas conferências de Saúde Mental sofram atrasos de anos para ser realizadas - como aconteceu com a mais recente -, foi garantido nas três esferas do governo, em forma de lei, que a conferência terá uma edição a cada quatro anos.

Fonte: Jornal do Federal

Rafael Capita
Psicólogo/Coordenador

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Atividades em grupo

Atividades de interação grupal trabalham o ser humano holisticamente, ou seja, trabalham a mente com estimulações de afeto, socialização, incentivo ao diálogo, motivação, relações inter e intra-pessoais, auto-estima e sistema de crenças; trabalhando também o cérebro nos seus aspectos neuropsicológicos como por exemplo atividades que estimulam a atenção, memória, praxia, percepção, linguagem, função executiva entre outras.
As atividades grupais são essenciais para se trabalhar as relações diante da adversidade, maximizando a interação na tentativa de minimização de conflitos.

Drª Mariana F. Ramos dos Santos
Psicóloga